Vida, Essa Festa

vipA vida é uma grande festa – dessas onde você é convidado VIP, com direito ao charme do RSVP, mas ainda assim, tem momentos em que se sente um intruso. E até começar a socializar, muitas vezes você observa mais do que fala e pensa mais do que circula. Mas, como em toda festa que se preze, tem de tudo. Tem aqueles que te olham de soslaio a cochichar “quem é essa pessoa deslocada, ou esnobe?” Outros, vagueiam o olhar como se você não estivesse por ali – nada pessoal, apenas indiferentes. E há ainda aqueles que vão se chegando, puxando assunto e o assento e o prazer é todo seu. Claro, não poderiam faltar os velhos conhecidos, os falsos íntimos, os bonachões, os alterados de birita ou sabe-se lá deus do quê, os inconvenientes e os de chegada – ou saída – providencial.

Algumas vezes, justo os que cochicharam sobre seu deslocado – ou defensivo – jeito, esbarram em você e junto do sorriso amarelo, segue-se outro, simpatia, e a festa acaba de começar. Esses, geralmente oferecem carona e viram parceiros de estrada – até porque só os deslocados entendem os deslocados, os ambientados sempre parecem entretidos mesmo que estejam fingindo pra não sentirem-se deslocados. Daquelas pessoas que sequer olharam prá você, algumas continuam sem ver mas, outras podem lhe enxergar numa hora qualquer – talvez quando tentassem admirar um quadro, pegar mais um drink, dar uma circulada básica e, justo você, estivesse atrapalhando a visão. Quem sabe? Fato é que, curiosamente, quando enxergam (ou quando você se deixa notar), você é quem realmente as vê e a partir daí se encanta ou decepciona. E vice-versa.

Essa grande festa é assim, não necessariamente nesta ordem. Às vezes, quem puxou assunto acha você antipático ou “nada a ver” depois; quem não percebeu continua ignorando ou lhe enxerga mesmo muito mal; e quem esbarra pode seguir adiante sem pedir desculpas e sem olhar pra trás. Os encontros são variáveis e não obedecem muitas regras. Alguns convidados você gostaria de conhecer melhor mas ainda não é desta vez, outros parecem velhos conhecidos mesmo que tenham sido apresentados há pouco. Como em toda festa, sempre pode haver uma chateação ou outra, porque pisadas no pé, cotovelaços e banhos de gim tônica são passíveis de acontecer. E há também aqueles que já entram de saída e ainda, os que pareceram ficar mas já se foram. Á francesa.

Mas isso tudo é o de menos. Ou demais. É o que deixa o evento divertido, mutante, sem bocejos, sem hora certa prá acabar. A festa gerando esse movimento, essa música dançante e essa promessa de encontros e reencontros é que não pode deixar de rolar.

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