Como eu ou você, centenas: de perguntas e respostas ensaiadas pra impressionar. Precisando de todos os sins, retendo o futuro até o presente esfacelar. Como eu ou você, buscando garantias, atestados verbais, promessas em sangue, pactos irrevogáveis, centenas. De olho no seguro, de vida, saúde, pecúlio e aposentadoria precoce. Pagando apólices contra incêndios, vendavais, desastres naturais. Tudo carimbado e protocolado em cartórios emocionais, agarrado ao fio do bigode, amarrado ao juro por Deus, densonrando a palavra de honra que só privilegia os medos, justo o que não é preciso assinar. Centenas de tolos, como você ou eu, presos na seta do cupido pensando que a firmeza está no pulso e é aí mesmo que vai contra a correnteza. Rezando que tudo seja pra sempre e que não exista nada que se atreva a vacilar. Dormir embalando certezas, acordar desdenhando desafios. Represar a vida. Estagnar. Canja de galinha e dinheiro no bolso só se ocupa com quem não tem àgua na boca. Quem se arrisca, te belisca. Mais vale um pássaro na mão e ninguém voa. Centenas. Pena.
[escrito em algum dia nublado de 2006]
Tal como a natureza, sobre a qual não temos nenhum controle, também não controlamos o afeto e a influência dele na vida das pessoas e as suas consequências. E hoje nem está nublado. Pena.
As suas palavras, bem como aquelas dos caras da igreja universal, ganham abrigo nos corações das pessoas. As suas encontraram no meu e fico feliz ao ler isto aqui. É bem diferente do que o “Junte-se a nós e pare de sofrer” daqueles que daqueles outros.